sexta-feira, 4 de maio de 2007

Pensamento X Dados Numéricos


Algumas descobertas feitas recentemente sobre a deficiência mental são essenciais para um processo de educação inclusiva. Diversas pesquisas têm indicado que muitas crianças consideradas como deficientes mentais, se tivessem sido identificadas precocemente e recebido uma educação apropriada, talvez nunca chegassem a ser classificadas como pessoas com deficiência mental.
O teste de QI, que já havia me referido anteriormente, é um teste que avalia apenas os aspectos quantitativos do conhecimento. A partir deste tipo de teste, acaba-se rotulando como “deficiente mental”, uma grande variedade de alunos. Este teste serve para constatar uma defasagem cognitiva, mas não indica nada sobre aquilo que a produziu. Além de comparar o aluno com uma média relativa a toda uma população de crianças, contrariando o que se vem pensando em termos de educação inclusiva, em que o se tem um “olhar” especial pela individualidade.
Inhelder (1943), ao invés de utilizar os testes de QI , usou provas que permitiram compreender os aspectos formais da inteligência das pessoas com deficiência mental. Segundo essa autora, o nível operatório formal, característico do pensamento adulto, não é alcançado pela pessoa com deficiência, ficando, esta, no nível das operações concretas. E ainda o nível operatório apresenta uma constante oscilação entre níveis de funcionamento muito diferentes: os níveis pré-operatório, operatório-concreto e até o sensório-motor sobrepõem-se e entrecruzam-se quando a criança é confrontada com um problema. Esses dados são importantes pra dar suporte ao processo inclusivo, pois abrem a possibilidade de se ter como referência a forma como a criança pensa e não apenas um dado numérico quantitativo, que pode ter significações muito diferentes do processo cognitivo das crianças com deficiência.

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